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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Cetoacidose Diabética



Animais Afetados: Cães e gatos.

Visão Geral
A cetoacidose diabética é uma das doenças metabólicas mais sérias, observadas tanto na medicina humana, quanto na Veterinária. A cetoacidose diabética, uma grave complicação da diabetes mellitus, caracteriza-se por uma elevada concentração de açúcar no sangue, a presença de substâncias conhecidas como corpos cetônicos na urina e concentrações reduzidas de bicarbonato no sangue. Alguns cães com cetoacidose diabética são afetados de forma leve pela doença, mas a maioria fica gravemente enferma e pode ter complicações sérias como problemas neurológicos em decorrência de inchaço craniano, insuficiência renal aguda, pancreatite e anemia. A cetoacidose diabética leva à morte em muitos casos, mas o diagnóstico correto e tratamento intensivo podem salvar vidas.

A cetoacidose diabética, às vezes, se desenvolve em cães com diabetes que não foi diagnosticada e tratada a tempo. Assim, é essencial a identificação da diabetes mellitus, ou de sintomas adicionais num animal reconhecidamente diabético, para evitar a ocorrência da cetoacidose diabética.

Sinais Clínicos
Os sinais clínicos incluem poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso, letargia, anorexia e vômitos. Podem ocorrer complicações como anemia, anormalidades eletrolíticas, doenças neurológicas e insuficiência renal aguda.

Sintomas
Os sintomas incluem aumento de sede e de apetite e micções mais freqüentes, perda de peso, cansaço, vômitos, perda de apetite, além de sintomas associados a um grande número de enfermidades que podem acompanhar ou provocar a cetoacidose diabética.

Descrição
A cetoacidose diabética é provavelmente a complicação mais grave que pode se desenvolver em associação com a diabetes mellitus. Os corpos cetônicos são usados para a produção de energia na maior parte dos tecidos corporais e se formam, normalmente, quando ácidos graxos são liberados do tecido gorduroso e transportados para o fígado. Este então produz corpos cetônicos, a partir daqueles ácidos graxos. A produção excessiva de corpos cetônicos pode ocorrer na diabetes mellitus sem controle, e, enquanto as cetonas se acumulam, podem acontecer cetose e, eventualmente acidose. Os quatro maiores fatores que contribuem para a formação de corpos cetônicos na cetoacidose diabética são: deficiência de insulina, jejum, desidratação e aumento dos níveis de hormônios de "stress", tais como epinefrina, cortisol, glucagon e hormônio do crescimento.

A cetoacidose diabética ocorre com mais freqüência entre animais com diabetes mellitus não diagnosticada, mas também pode ser vista em cães com diabetes já estabelecida, mas que não estão recebendo insulina suficiente. Nestes casos, pode haver uma doença inflamatória ou infecciosa associada. Outros cães podem apresentar doenças relacionadas com a rejeição à insulina, como hipotireoidismo ou síndrome de Cushing. Os cães tanto podem ser apenas levemente afetados pela cetoacidose diabética, quanto podem estar perto da morte, ao tempo do diagnóstico.

A cetoacidose diabética se desenvolve de forma imprevisível e alguns cães diabéticos podem levar vidas normais por vários meses sem qualquer tratamento. Entretanto, uma vez instalada a cetoacidose diabética, a maioria dos cães fica gravemente doente em menos de uma semana.

A intensidade do tratamento depende de quão enfermo está o animal. Enquanto cães com cetoacidose diabética leve podem ser tratados com sucesso, por administração de soro intravenoso e insulina, os cães com manifestações graves da doença irão precisar de intervenção mais significativa. Terapia líquida e suplementação de potássio, bicarbonato e fósforo podem ser de vital importância. Qualquer enfermidade associada deve ser identificada e tratada especificamente, quando possível, para melhorar as possibilidades de cura da cetoacidose diabética. Complicações durante o tratamento de cetoacidose diabética são comuns e podem incluir hipoglicemia, sinais neurológicos em virtude de inchaço das células cerebrais e anormalidades eletrolíticas graves. Se a concentração sorológica de fósforo ficar muito baixa, pode ocorrer anemia, em decorrência de colapso dos glóbulos vermelhos. Também pode acontecer insuficiência renal aguda.

A cetoacidose diabética é uma das mais graves doenças metabólicas observadas, tanto em medicina humana, quanto em veterinária. Muitos pacientes morrem devido a ela. Entretanto, a maioria pode superar as crises com êxito, através de rápido diagnóstico e tratamento intensivo.

Diagnóstico
O diagnóstico de cetoacidose diabética baseia-se nos sinais clínicos e na presença de altas concentrações sorológicas de glicose e corpos cetônicos na urina, além de concentrações sorológicas reduzidas de bicarbonato na corrente sanguínea. A cetoacidose diabética é leve quando cães com altas concentrações sorológicas de glicose e corpos cetônicos na urina parecem saudáveis, ou apenas têm sinais clínicos leves, ou ainda, têm decréscimo pequeno na concentração sorológica de bicarbonato. Estes cães não precisam de tratamento intensivo e devem ser postos em categoria diferente dos animais que têm cetoacidose diabética grave.

Cães com a forma grave da enfermidade têm altas concentrações sorológicas de glicose e corpos cetônicos na urina, reduções extremas da concentração sorológica de bicarbonato e muitas vezes apresentam sinais graves de doença.

Além dos resultados dos exames de concentração sorológica de glicose e da análise da urina, outros procedimentos-chave para o diagnóstico incluem gasometria do sangue, análise dos eletrólitos e níveis sorológicos renais. Além da análise urinária de rotina, deve ser feita cultura da urina em qualquer cão com cetoacidose diabética, já que as infecções do trato urinário são complicações bastante comuns nesta doença. O hemograma completo, sorologia do fígado e das enzimas pancreáticas, além da checagem dos níveis de colesterol e de triglicerídios, também devem ser obtidas. Radiografias do tórax e do abdômen e em condições ideais, uma ultra-sonografia abdominal, também deveria ser usada para investigar fatores anteriores ou relacionados, bem como outras anormalidades que poderiam requerer tratamento específico.

Prognóstico
O prognóstico para a cetoacidose diabética é reservado. Entre cinco e dez por cento das pessoas com cetoacidose diabética morrem da doença. As taxas de óbito para cães podem ficar entre trinta e quarenta por cento em certas circunstâncias.

Transmissão ou Causa
A cetoacidose diabética geralmente ocorre tanto em cães com diabetes existente mas não diagnosticada e deixada sem tratamento por longo tempo, ou em cães diabéticos já diagnosticados que estão sendo afetados por outro problema ou que estão tomando insulina em doses insuficientes.

Tratamento
Cães relativamente saudáveis com cetoacidose diabética podem ser tratados com injeções de insulina cristalina, potentes, mas de efeito rápido para ajudar a manter os níveis de glicose sob controle. Pode levar alguns dias para os níveis de glicose e corpos cetônicos na urina caírem, mas não é necessário tratamento intensivo, enquanto a condição do cão estiver estável.

O tratamento de cães diabéticos deve ser bastante intensivo. A reposição gradual dos déficits líquidos e a manutenção do equilíbrio normal dos fluidos são fundamentais para o tratamento da cetoacidose diabética. Muitos cães melhoram substancialmente após o tratamento com soro intravenoso. Também pode ser necessária a suplementação de fosfato, já que as concentrações sorológicas de fósforo podem cair para níveis perigosamente baixos durante o tratamento da cetoacidose diabética, levando a complicações graves, como a destruição dos glóbulos vermelhos que provoca anemia. O bicarbonato é usado para ajudar a corrigir os distúrbios ácido-básicos. A insulina também é vital para o tratamento da cetoacidose diabética. Em alguns casos, é necessária a rápida reposição de líquidos, enquanto os níveis de glicose precisam de ajustes graduais.

Até que se obtenham concentrações sorológicas de glicose mais seguras, a maior parte dos cães com cetoacidose diabética é tratada com insulina cristalina normal, a forma mais potente e de efeito mais rápido da insulina, que pode ser administrada por via endovenosa ou no músculo, de hora em hora. Se o cão não está conseguindo se alimentar sozinho, pode-se adicionar dextrose ao soro para evitar queda significativa do nível de glicose, após o início da administração de insulina.

Doenças simultâneas devem ser identificadas e tratadas especificamente, quando possível. A pancreatite é muito comum na cetoacidose diabética, mas não há tratamento específico para ela.

Infecções bacterianas precisam ser identificadas e tratadas rapidamente. Geralmente, usam-se antibióticos se a infecção bacteriana ainda não foi confirmada, devido aos problemas que as infecções podem causar em casos de cetoacidose diabética. A insuficiência renal aguda também pode acompanhar a cetoacidose diabética e deve ser tratada intensivamente com soro. Pode ser necessária medicação para estimular a produção de urina, se esta for insuficiente.

As complicações mais freqüentes que ocorrem durante o tratamento da cetoacidose diabética incluem o desenvolvimento de hipoglicemia, distúrbios do sistema nervoso central, anormalidades eletrolíticas e anemia. O melhor meio de evitar estes efeitos colaterais é ter como meta à correção gradual das diversas anormalidades associadas a cetoacidose diabética. Se a correção das concentrações de glicose e anormalidades eletrolíticas for excessivamente rápida, pode levar ao inchaço das células cerebrais e a distúrbios neurológicos. As concentrações eletrolíticas precisam ser monitoradas com muito cuidado durante o tratamento da cetoacidose diabética, já que muitas vezes são necessários ajustes freqüentes do tipo e do fluxo do soro e da quantidade da suplementação de potássio. Deve-se prestar muita atenção também à concentração sorológica de fósforo, já que muitas vezes é necessária a suplementação para evitar a queda acentuada das concentrações sorológicas de fósforo e a anemia resultante.

Uma vez que o cão esteja estável, comendo e bebendo sozinho, pode-se iniciar a administração de tipos de insulina de efeito prolongado. Além disto, as medidas de manutenção como soroterapia e medicamentos podem ser suspensas, desde que não haja outras complicações e o estado geral continue melhorando. Eventualmente, o animal será capaz de voltar para casa com um regime de insulina para uso doméstico, bem como outros tratamentos para doenças adicionais que se apresentem.
Prevenção
Não há método específico para a prevenção da cetoacidose diabética, mas o tratamento cuidadoso e o monitoramento dos cães diabéticos são essenciais. O reconhecimento dos sinais comuns de diabetes mellitus em cães - aumento da sede, da urinação, do apetite e perda de peso - também é importante para que se possa diagnosticar a diabetes simples e iniciar o tratamento apropriado, antes que se desenvolva a cetoacidose diabética. Deve-se evitar que o animal coma rações com muita gordura que podem provocar pancreatite e, posteriormente, cetoacidose diabética. Nos cães diabéticos, esteróides, como prednisona devem ser usados com muito cuidado, ou evitados, devido ao risco de rejeição à insulina e à associação freqüente da administração de esteróides com o desenvolvimento de cetoacidose diabética.