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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Artrose Canina

Sintomas característicos da artrose em cães

artrose é uma doença degenerativa e não inflamatória que afeta as articulações dos animais e causando intensador, incapacidade progressiva e deformidade da região afetada. A artrose pode levar a destruição da articulação dos membros.
            A doença é mais frequentemente observada nos animais mais velhos, pois com o aumento da idade as articulações se desgastam causando deformidade nas extremidades dos ossos que em consequência perdem a cartilagem, ocasionando intensa dor.
            Os sintomas característicos dos animais doentes são andar cambaleante, alteração na postura, falta de ânimo durante as brincadeiras, lentidão ao andar e dificuldade para fazer as necessidades fisiológicas.
            artrose é diagnosticada com o exame ultrassonográfico e o tratamento feito com a conservação das articulações saudáveis, pois não há como recuperar as articulações afetadas. A dor é amenizada com o uso de medicação e sessões de fisioterapia.

sábado, 21 de junho de 2014

Alimentação de Cães e Gatos

Diferença na alimentação de cães e gatos

CAES E GATOSalimentação dos cães e gatos se diferencia, pois esses animais possuem metabolismo diferente e consequentemente necessidades nutricionais específicas. 
A alimentação destinada aos caninos deve ser balanceada, de acordo com a necessidade diária de nutrientes que eles precisam ingerir como gorduras, carboidratos, vitaminas, minerais e água. É preciso levar em consideração a idade e o estilo de vida dos animais, promovendo o equilíbrio nutricional nas diferentes fases da vida.
Já os felinos possuem digestão lenta, por isso é preciso oferecer um maior número de refeições diariamente. O organismo dos gatos tem uma grande exigência de proteína, aminoácido arginina, vitamina B6 e niacina.
Tanto os cães como os gatos podem se intoxicar por ingerir alguns alimentos destinados a alimentação do homem, como o chocolate, a cebola, o alho e a uva. O chocolate tem em sua composição a teobromina, substância que não é bem processada pelo organismo; a cebola e alho em grandes quantidades também causam intoxicação e a uva natural ou desidratada causa danos aos rins.
Para melhor alimentar os animais procure orientação médico veterinária, pois com sua avaliação é possível indicar a melhor ração de acordo com o peso, raça e tamanho do animal.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Demodicose em cães

          demodicose
A demodicose popularmente conhecida como sarna, acomete os cães causando muita coceira que em consequência pode ocasionar feridas pelo corpo do animal.
Existem vários tipos de sarna e a do tipo sarcóptica é uma dermatopatia ocasionada pelo ácaro Sarcoptes scabiei. Quando o ácaro acomete os humanos origina a escabiose que é transmitida pelo contato pele com pele, o ácaro também pode afetar outros animais.
Quando os animais estão com falência imunológica o ácaro se prolifera. Eles ainda podem se desenvolver por predisposição genética, quando os animais acometidos não possuem anticorpos que combate a sua proliferação.
O sintoma característico é forte coceira com surgimento de feridas, quando observado o diagnostico é dado com a biopsia, por raspagem cutâneo ou pelo tricograma.
Quando confirmado o diagnóstico, os animais acometidos são tratados com medicamentos, com banhos com xampu a base de Amitraz e com o uso oral de ivermectina.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Insuficiência da válvula mitral

Doença da Válvula Mitral, Degeneração da Válvula Mitral, Insuficiência da Válvula Mitral

Animais afetados: Cães
Este problema raramente ocorre em gatos. A degeneração mixomatosa da válvula mitral ocorre normalmente em animais de porte pequeno e médio, adultos e idosos. Algumas raças sofrem maior incidência da doença tais como Cocker Spaniel, Chihuaua, Poodle Miniatura, Pinscher, Fox Terriers, Boston Terriers e Schnauzers Miniatura. Machos são 50% mais suscetíveis à doença do que fêmeas.
Visão geral
A insuficiência da válvula mitral é uma alteração cardíaca grave, causada por um funcionamento anormal da válvula mitral, que separa o compartimento superior esquerdo (átrio esquerdo) do compartimento inferior esquerdo (ventrículo esquerdo). Cães que sofrem de insuficiência da válvula mitral mostram dificuldades ao se exercitar, apresentando uma tosse que aumenta em freqüência à medida que a doença progride, que poderá chegar a um quadro de insuficiência cardíaca congestiva e edema pulmonar.

O coração é formado por quatro compartimentos, os átrios direito e esquerdo e os ventrículos direito e esquerdo. Os compartimentos superiores (átrios) estão separados dos compartimentos inferiores (ventrículos) por uma válvula tricúspide. A válvula localizada no lado esquerdo do coração é chamada de Válvula Mitral e a válvula localizada no lado direito se chama Válvula Tricúspide. Em um cão normal, essas válvulas se abrem, permitindo a passagem do sangue que vem do átrio, para dentro do ventrículo e se fecham completamente, quando o coração bombeia o sangue para fora do ventrículo, impedindo que haja um retorno sanguíneo para os átrios.

A insuficiência da válvula mitral é causada por uma formação de placas na própria válvula. A causa da formação das placas é desconhecida. A formação e acúmulo da placa sobre a válvula, leva a uma deformação das paredes da válvula, impedindo que ela se feche corretamente. Este não fechamento permite que ocorra um retorno sanguíneo do ventrículo para o átrio, o que também gera uma diminuição do volume sangüíneo que parte do coração. Quando a válvula não se fecha totalmente, o sangue que retorna para o átrio causa o som que chamamos de sopro.

Na tentativa de compensar essa deficiência, o coração se hipertrofia e dilata, aumentando o volume de sangue bombeado. Este sistema de compensação permite que o cão não apresente sintomas por algum tempo, mas ao mesmo tempo, agrava o processo que eventualmente pode levar a uma insuficiência cardíaca congestiva.

A insuficiências da válvula mitral ocorre com maior freqüência em animais de meia-idade e idosos e também mostra maior prevalência em raças de pequeno e médio porte. Alguns cães podem ser controlados com medicamentos por um período de tempo que varia de acordo com a gravidade do caso. Alguns cães chegam a viver alguns anos após a manifestação de sintomas de insuficiência da válvula mitral. 
Sinais Clínicos
Cães com insuficiência da válvula mitral tem diminuída a sua resistência a esforços e mostram uma tendência a tosse durante exercícios. A medida que esse problema cardíaco evolui para uma congestão pulmonar e edema, o ritmo respiratório e a aumentam de freqüência. A tosse geralmente que ora à noite, pela manhã e durante os exercícios. No exame físico podemos encontrar o pulso e o ritmo cardíaco alterados, dependendo do estágio da patologia, assim como a presença de sopro, que é o refluxo de sangue para o átrio. 
Sintomas
Ver sinais clínicos
Descrição
O coração é formado por quatro compartimentos, os átrios direito e esquerdo e os ventrículos direito e esquerdo. Os compartimentos superiores (átrios) estão separados dos compartimentos inferiores (ventrículos) por uma válvula tricúspide. A válvula localizada no lado esquerdo do coração é chamada de Válvula Mitral e a válvula localizada no lado direito se chama Válvula Tricúspide. Em um cão normal, essas válvulas se abrem, permitindo a passagem do sangue que vem do átrio, para dentro do ventrículo e se fecham completamente, quando o coração bombeia o sangue para fora do ventrículo, impedindo que haja um retorno sanguíneo para os átrios.

A insuficiência da válvula mitral é causada por um acúmulo de placas sobre a válvula. Essas placas fazem com que as paredes da válvula fiquem espessadas, encolhidas, distorcidas e incapazes de funcionar corretamente. Os músculos que controlam a válvula , ou as cordoáreas tendíneas, também poderão ficar espessados e enfraquecidos.

O refluxo constante do sangue através das válvulas danificadas, leva a uma dilatação secundária no átrio e ventrículo esquerdos, o que piora o quadro de mal-fechamento da válvula mitral , piorando o quadro clínico. O sangue que retorna ao átrio, geralmente se move em uma velocidade mais alta do que o sangue que está indo. Isso pode levar à formação de um tecido cicatricial ou fibrosamento no local onde ele colide com a parede do músculo. Uma falha valvular, permite com que o sangue retorne ao átrio, gerando os sons que chamamos de sopro cardíacos.

A dilatação do lado esquerdo do coração, faz com que o músculo cardíaco fique sobrecarregado, devido aumento de volume sanguíneo bombeado. Este excesso de trabalho faz com que o coração passe a bombear o sangue para o resto do corpo com menos eficiência . O corpo procura uma compensação, fazendo com que o coração bombeie um volume sanguíneo ainda maior, o que causará conseqüentemente, uma maior dilatação cardíaca. Na maioria dos cães, esses mecanismos compensatórios retardam o aparecimento de sintomas na fase inicial da doença.

Porém, a dilatação compensatória do átrio e do ventrículo agrava a doença, por diminuir o volume sanguíneo que o coração pode bombear com eficiência para o organismo. Quando os mecanismos compensatórios não conseguem mais com que o coração mantenha um fluxo sanguíneo adequado, o animal apresentará um quadro de insuficiência cardíaca congestiva e edema pulmonar . O edema pulmonar é um acúmulo de líquidos nos tecidos do pulmão que diminui muito a capacidade respiratória do animal. Nos últimos estágios da doença, o músculo cardíaco está com sua capacidade de contração muito diminuída, o que também diminui o volume sangüíneo bombeado para o organismo.

Apesar da insuficiência mitral ser um processo degenerativo lento, existem certos fatores que podem exacerbar os sintomas, tais como arritmias cardíacas, ruptura das cordoárias tendíneas, dietas ricas em sódio e lesões na musculatura do átrio. Qualquer fator que leve a uma sobrecarga cardíaca como anemia, exercícios, pressão alta ou problemas em outros órgãos também podem agravar o quadro clínico. Quando o animal apresenta um episódio de disfunção aguda, será necessário um tratamento de emergência.

As causas da insuficiência mitral não são ainda bem compreendidas, mas há suspeitas de predisposição genética a algumas raças de pequeno porte. A enfermidade geralmente afeta cães de meia-idade ou mais velhos. Apesar de não haver "cura" para a degeneração valvular, existem medicamentos que melhoram o funcionamento do coração e aliviam os sintomas de insuficiência cardíaca, permitindo uma melhor qualidade de vida e maior conforto para o cão. 
Diagnóstico
Os procedimentos diagnósticos mais comuns utilizados nos casos de insuficiência da válvula mitral são o hemograma completo, pesquisas bioquímicas e análise urinária. As radiografias do tórax são úteis para uma avaliação do tamanho e da forma do coração e da situação pulmonar. O eletrocardiograma pode sugerir um aumento no tamanho do coração e identificar qualquer arritmia que esteja presente. Para se ter uma melhor noção do funcionamento cardíaco e da gravidade do caso, o cão deve ser examinado por um cardiologista veterinário, que procederá com um ecocardiograma, que é uma ultrasonografia do coração. 
Prognóstico
O prognóstico de um cão com insuficiência na válvula mitral varia de reservado à ruim. Porém, alguns animais sobrevivem bastante tempo e com qualidade de vida, quando controlados corretamente com medicamentos. Um prognóstico de longo tempo dependerá da fase em que foi feito o diagnóstico e de como o animal responde aos medicamentos. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor será o prognóstico. Alguns cães podem viver por cinco anos ou mais após o aparecimento dos primeiros sintomas. Em uma crise aguda, o prognóstico dependerá do estado em que o animal se encontra e da velocidade com que o animal é atendido.
Transmissão ou Causa
A medida que o animal que envelhece, as suas válvulas cardíacas vão se espessando, deformando e endurecendo devido ao acúmulo de polissacarídeos ou carboidratos complexos. O funcionamento anormal das válvulas resulta em um refluxo sanguíneo através dessas válvulas "fechadas", aumento da pressão dentro do átrio cardíaco, diminuição do volume sangüíneo bombeado para fora do coração, ativação de mecanismos compensatórios e finalmente, insuficiência cardíaca congestiva. O conseqüente excesso de volume sanguíneo no coração, leva à dilatação dos ventrículos, o que diminui a eficiência do funcionamento ventricular. Todos esses problemas pioram o quadro e levam à mais disfunções cardíacas.
Tratamento
A cirurgia de colocação de prótese valvular em cães não é muito comum em cães. Conseqüentemente, os médicos veterinários geralmente prescrevem medicamentos que reduzem a sintomatologia e melhoram o funcionamento cardíaco. Mesmo em tratamentos de longo termo, os cães deverão ser examinados pelo veterinário periodicamente e sua medicação será adaptada de acordo com a necessidade. Uma desestabilização aguda pode levar a uma sintomatologia muito grave, que poderá ser revertida através de um atendimento rápido e eficiente.

A alimentação deve ser baseada em uma dieta de baixo sódio, que deverá ser totalmente restrito à medida que a doença for se agravando. O animal deve ficar sem fazer nenhum exercício até que os sintomas de insuficiência cardíaca sejam controlados. A partir daí, o cão só poderá fazer exercícios leves ou moderados.

Existem vários medicamentos disponíveis para o tratamento de problemas cardíacos. Normalmente, cães com insuficiência cardíaca congestiva secundária à insuficiência da válvula mitral, são tratados com vários medicamentos simultaneamente, com objetivo de melhorar o fluxo sanguíneo para fora do coração, diminuir o refluxo sanguíneo para dentro do átrio e controlar os mecanismos compensatórios. Esses medicamentos incluem diuréticos (Lasix) o que aumentam a formação de urina e conseqüentemente diminui o acesso de líquidos no organismo. O veterinário poderá também prescrever drogas que dilata os vasos sanguíneos, visando a uma diminuição da pressão arterial. Uma delas é o enalapril, que é um inibidor da angiotensina, assim como outras drogas dilatadoras de arteríolas e vênulas. Os medicamentos conhecidos como agentes inotrópicos positivos, tais como a digoxina também podem ser prescritos para aumentar a capacidade de contração do músculo cardíaco.

O médico veterinário responsável pelo caso irá determinar o momento adequado para se iniciar com a administração dos medicamentos, assim como, quais os medicamentos necessários para o paciente em questão. Como este é um problema progressivo, o proprietário deverá trazer o animal freqüentemente para novos exames, para que haja um controle e ajuste dos medicamentos conforme a progressão da doença. Um cão com insuficiência cardíaca congestiva necessitará de tratamento provavelmente para o resto da vida.

Animais que sofram um episódio agudo de insuficiência cardíaca congestiva e edema pulmonar, precisarão de uma terapia mais agressiva para que possam ser estabilizados. Em casos como este, o animal terá de ser isolado em um canil pequeno e não estar sujeito à stresse ou ansiedade. Os procedimentos diagnósticos deverão ser evitados até que o animal esteja estabilizado. Deve se administrar oxigênio para diminuir o esforço cardíaco e pulmonar. Em alguns casos haverá acúmulo de líquidos em volta dos pulmões de um cão com insuficiência cardíaca congestiva, o que diminui a capacidade de expansão pulmonar. Este líquido pode ser removida através de um procedimento chamado toracocentese. Devem ser administradas doses altas de drogas de ação rápida para melhorar o funcionamento cardíaco. 
Prevenção
Não existem medidas para prevenir a insuficiência da válvula mitral. O diagnóstico da doença em sua fase inicial e o tratamento apropriado, podem melhorar o prognóstico.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Diagnóstico parasitológico e sorológico: Leishmaniose


Márcia Dalastra Laurenti
Laboratório de Patologia de Moléstias Infecciosas. Departamento de Patologia Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, SP, Brasil
   

RESUMO
Realizou-se uma minirrevisão sobre os estudos que correlacionam o diagnóstico parasitológico e sorológico para a leishmaniose visceral americana (LVA) canina, correlacionando também os achados diagnósticos com o estado clínico do reservatório doméstico. Além disso, discute-se a sensibilidade e especificidade de cada método e o antígeno utilizado; a aplicabilidade de cada técnica, em especial as sorológicas, para a utilização em programas de vigilância e controle da LVA.

INTRODUÇÃO
Atualmente, no Brasil, a leishmaniose visceral americana (LVA) apresenta caráter endêmico-epidêmico, com média anual de 3 mil a 4 mil casos novos, distribuídos desde Roraima até o Paraná. Considerada doença predominantemente rural, nas últimas décadas a LVA vem sofrendo processo de urbanização, no qual cidades de médio ou grande porte têm sido acometidas por verdadeiras epidemias, como é o caso de Santarém (PA), São Luiz (MA), Teresina (PI), Natal (RN), Aracajú (SE), Montes Claros e Belo Horizonte (MG) e Corumbá (MS)¹. Essa mudança no padrão de transmissão da doença deve-se principalmente àurbanização do vetor, à participação do cão como reservatório doméstico da L. (L.) chagasi e à degradação ambiental, juntamente com o processo migratório da população para os grandes centros urbanos.
No Estado de São Paulo, a presença de Leishmania sp em exame parasitológico direto de cães com suspeita clínica de LVA foi detectada, em 1998, no município de Araçatuba, sendo posteriormente identificada como L. (L.) chagasi. Esse fato, aliado à presença do inseto transmissor, Lutzomyia longipalpis, detectado em 1997, confirmou a autoctonia de LVA em cães em território paulista². Em 1999, no mesmo município, foi relatado o primeiro caso humano autóctone no Estado².
Os programas de vigilância e vontrole de LVA3,4 preconizam a realização de inquéritos sorológicos caninos, visando conhecer a situação epidemiológica da doença nas áreas com transmissão ativa ou com potencial de transmissão e, ao mesmo tempo, identificar os cães sorologicamente positivos para posterior eliminação. Entretanto, BRAGA e colaboradores5 enfatizam a importância dos parâmetros sensibilidade e especificidade dos testes diagnósticos, quando avaliam o impacto da eliminação do cão frente à metodologia empregada.
A correlação entre o estado clínico do cão e sua infectividade para o flebotomídeo também deve ser considerada nas discussões para a adoção de medidas de controle da LVA canina, uma vez que PINELLI e colaboradores6 observaram que animais assintomáticos e sintomáticos graves apresentavam respostas imunes, celulares e humorais bastantes distintas, favorecendo ou não a infecção do vetor. De qualquer forma, faz-se importante mencionar o trabalho de BARATA e colaboradores7 que demonstraram a infecção do vetor, criado em laboratório, em cães soropositivos, apresentando diferentes formas clínicas da doença.

DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO
O diagnóstico laboratorial da LVA canina baseia-se em métodos parasitológicos e sorológicos. Apesar de discordâncias entre alguns autores8,9,10, o exame parasitológico é considerado, ainda, o teste ouro para o diagnóstico da doença. A observação direta de formas amastigotas do parasito em esfregaços de aspirado de linfonodo, medula óssea, baço, fígado, pele e sangue corados por Giemsa, Leishman ou Panótico® é uma forma segura, simples, rápida e pouco traumática para o diagnóstico da enfermidade (Figura 1).
Figura 1. Esfregaço de material colhido por punção aspirativa em linfonodo poplíteo de cão sintomático, naturalmente acometido por leishmaniose visceral, mostrando formas amastigotas de Leishmania intracelulares e extracelulares coradas pelo Giemsa.
A especificidade desse método é de 100%, mas a sensibilidade depende do grau do parasitismo, do tipo de material biológico coletado, do seu processamento e coloração, além do observador. A sensibilidade pode ser de 50% a 83% em amostras de medula óssea, entre 30% e 85% em amostras de linfonodo e entre 71% a 91% quando ambos os tecidos estão combinados8,9. Quando o parasitismo é intenso não há problemas para um diagnóstico rápido e seguro; contudo, em muitos casos, especialmente em animais assintomáticos, nos quais apenas poucas formas amastigotas estão presentes nos tecidos, o diagnóstico parasitológico torna-se difícil e duvidoso. Esse problema pode ser solucionado com a utilização de técnicas mais sensíveis para a detecção de parasitos, tais como a imunofluorescência direta (RIFD) e a imunohistoquímica.
MOREIRA e colaboradores10 compararam a RIFD com a pesquisa direta de parasitos em esfregaço de punção aspirativa de linfonodo poplíteo de cães de área endêmica de LVA. De 60 cães com sinais clínicos da doença, 30 foram positivos no exame direto, 22 suspeitos e 8 negativos; quando submetidos à RIFD, 56 mostraram-se positivos e 4 negativos. Os resultados mostraram que a RIFI apresentou alta sensibilidade quando comparada com a pesquisa direta de parasitos, sendo útil para confirmação dos casos suspeitos (Figura 2).
Figura 2Reação de imunofluorescência direta positiva mostrando formas amastigotas do parasito em esfregaço de aspirado de linfonodo poplíteo de cão naturalmente acometido por leishmaniose visceral, marcadas pelo anticorpo policlonal anti-Leishmania conjugado com fluoresceina.
Técnicas de imunohistoquímica ou imunocitoquímica são métodos altamente sensíveis e específicos para a detecção de Leishmania sp em tecidos. Para tanto, pode-se utilizar qualquer tecido fixado e processado pelas técnicas usuais de microscopia, sendo que a pele, o fígado e os órgãos linfóides são os mais utilizados.
MOREIRA e colaboradores10trabalhando com cães com e sem sinais clínicos da doença e diagnóstico laboratorial positivo para LVA, mostraram que a detecção de parasitos por HE e imunohistoquímica foi mais eficiente em biópsias de linfonodo, quando comparado com os outros órgãos. Posteriormente, os autores, trabalhando com material obtido por meio de punção aspirativa de linfonodo poplíteo, mostraram que as técnicas de imunomarcação, tais como a imunofluorescência direta e a imunocitoquímica, aumentaram a sensibilidade para a detecção de parasitos e foram eficientes no diagnóstico de cães oligossintomáticos e assintomáticos (Figura 3).
Figura 3Reação de imunohistoquímica mostrando formas amastigotas de Leishmaniaextracelulares (A) e intracelulares (B) em esfregaço de aspirado de linfonodo poplíteo de cão naturalmente acometido por leishmaniose visceral.
O diagnóstico parasitológico pode também ser estabelecido por meio da detecção do parasito por cultivo em meios específicos. Biópsias ou punções aspirativas de diferentes órgãos ou tecidos são colocadas em meios de cultivo, em geral bifásicos (ágar sangue de coelho com LIT, RPMI ou Shineider), nos quais formas amastigotas do parasito, presentes no material biológico, transformam-se em formas promastigotas,podendo ser observadas em microscopia de contraste de fase (Figura 4).
Figura 4Formas promastigotas de Leishmania em meio de cultivo, observadas em contraste de fase.
O crescimento das formas promastigotas leva de 4 a 6 dias. Dessa forma, a leitura da cultura é feita semanalmente, sendo que após a terceira semana de observação o resultado final já é concluído. Como os meios de cultivo são ricos, a falta de adequação na esterilidade durante o processo da coleta de material e semeadura nos meios pode levar ao crescimento de bactérias e fungos que impedem o crescimento deLeishmania, diminuindo, assim, a sensibilidade do teste. Embora as culturas sejam úteis para o isolamento e identificação do parasito, são pouco utilizadas na rotina diagnóstica.

DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO  
A detecção de anticorpos circulantes anti-Leishmania utilizando técnicas sorológicas constitui um instrumento importante no diagnóstico da LVA canina. Animais doentes desenvolvem resposta imune humoral e produzem altos títulos de IgG anti-Leishmania8. A soroconversão ocorre aproximadamente três meses após a infecção.
Entretanto, os testes sorológicos devem ser interpretados com cautela, uma vez que não são 100% sensíveis e específicos e falham em detectar cães infectados no período pré-patente da doença11. Animais com menos de meses de idade não devem ser avaliados por meio de métodos sorológicos, pois podem apresentar resultados positivos pela presença de anticorpos maternos5. Existem contradições na literatura quanto à possível correlação entre os títulos de anticorpos e a severidade dos sintomas.
Muitos testes sorológicos podem ser utilizados, tais como: fixação de complemento, aglutinação direta, imunofluorescência indireta (RIFI), imunoenzimático (Elisa) com diferentes modificações e western blot, entre outros.
Os testes sorológicos de RIFI e Elisa representam os principais instrumentos usados no sorodiagnóstico da LVA humana e canina, uma vez que são empregados nos programas nacional e estadual de vigilância e controle da LVA (PVCLVA)3,4 para identificação de reservatórios infectados. Entretanto, apesar da doença estar associada, habitualmente, a apenas uma espécie de parasito, L. (L.) chagasi – o que, teoricamente, deveria facilitar a padronização de um antígeno específico para ser usados nesses testes –, ainda hoje não existe um consenso na literatura especializada quanto ao emprego de um antígeno para o uso no sorodiagnóstico da LVA humana e canina.
Dependendo do antígeno empregado e das condições da RIFI, sua sensibilidade pode variar entre 90% e 100% e a especificidade, entre 80% a 100%12,13 (Figura 5). A especificidade dessa prova, assim como de outras provas sorológicas, é prejudicada pela ocorrência de reações cruzadas com doenças, principalmente aquelas causadas por tripanosomatídeos, como o agente causador da doença de Chagas. Portanto, seus resultados não devem ser utilizados como indicadores de infecção leishmaniótica específica, particularmente em áreas onde a doença de Chagas é endêmica.
Figura 5Reação de imunofluorescência indireta (RIFI) positiva mostrando formaspromastigotas de Leishmania marcadas pela fluoresceína.
ZANETTE14, trabalhando com 50 cães parasitologicamente positivos, mostrou sensibilidade de 98% e especificidade de 91% para a RIFI utilizando como antígeno promastigotas de L. (L.) chagasi, e ótima concordância com o diagnóstico parasitológico (Kappa=0,893). Com relação à ocorrência de reações cruzadas, o autor mostrou que 42,9% das amostras de soros de cães chagásicos foram reagentes para RIFI com antígeno de promastigotas de L. (L.) chagasi, assim como 50% das amostras de soros de cães com toxoplasmose. Não houve reação cruzada com erliquiose, babesiose e neosporose.
Na tentativa de otimizar os testes sorológicos empregados no programa de controle da leishmaniose visceral, SILVA15 trabalhou com amostras de soro e papel de filtro colhidas de cães de área endêmica para LVAcom diagnóstico clínico e parasitológico positivo. A RIFI foi avaliada quantitativamente, pelo número de formas promastigotas marcadas, nas diluições de 1/20, 1/40, 1/80 e 1/160, utilizando-se o kit comercial produzindo por Biomanguinhos® e um ensaio in house utilizando promastigotas de L. (L.) chagasi. O ensaioin house com os soros mostrou-se capaz de separar todos os verdadeiros negativos dos verdadeiros positivos e apontou para uma eficiência de 60% a 76% para o kit comercial. Quando comparados os resultados da RIFI do kit comercial empregada em soros e papel de filtro, observou-se que o melhor ponto de corte para o papel de filtro seria a diluição de 1/80, o que seguramente diminuiria o número de falsos positivos.
A comparação da reatividade entre as técnicas de RIFI e Elisa no sorodiagnóstico da LVA canina no Estado do Pará, utilizando amastigotas de L. (L.) chagasi preparadas no Instituto Evandro Chagas, por aposição de fragmentos de baço de hamster infectado cronicamente, e os kits da Biomanguinhos® mostrou soropositividade de 8,5% pela RIFI Biomanguinhos® e 0% pela RIFI com amastigotas, diferençaestatisticamente significante. O Elisa Biomanguinhos® mostrou reação positiva em 4,2% das amostras (p<0,05). Considerando que na área estudada não há relatos da ocorrência de LVA humana e canina, ao contrário da situação da leishmaniose tegumentar americana, a qual tem elevada incidência, concluiu-se que o teste da RIFI utilizando amastigotas de L. (L.) chagasi como antígeno foi mais específico, pois não apresentou qualquer resultado falso positivo. É possível que as taxas de 8,5% e 4,2% de soropositividade obtidas com a RIFI e Elisa Biomanguinhos®, respectivamente, representem reações cruzadas de cães infectados com leishmânias dermatrópicas16.
O teste de Elisa pode apresentar, dependendo também do antígeno empregado, uma sensibilidade que varia entre 80% e 99,5% e uma especificidade entre 81% e 100% 12,13. A sensibilidade e especificidade desse método dependem do tipo de antígeno empregado e de mudanças no protocolo. As técnicas que utilizam antígenos totais são limitadas em termos de especificidade, por apresentar reações cruzadas não somente com tripanosomatídeos, mas também com organismos filogeneticamente distantes14. A utilização de antígenos recombinantes ou purificados melhora a sensibilidade e a especificidade da técnica17.
MOREIRA e colaboradores18empregando antígeno específico, lisado total de formas promastigotas de L. (L.) chagasi, no ensaio de Elisa para o diagnóstico sorológico de cães positivos parasitologicamente, mostraram sensibilidade de 87,8% para cães sintomático, 68% para cães oligossintomáticos e 95,65% para assintomáticos, e especificidade de 100%. O Elisa mostrou boa correlação com o diagnóstico parasitológico, principalmente quando técnicas de imunomarcação foram utilizadas. Já ZANETTE14 mostrou sensibilidade de 94% e especificidade de 84,4% para o ensaio de Elisautilizando também antígeno específico em cães naturalmente infectados por L. (L.) chagasicom boa concordância com o diagnóstico parasitológico (Kappa=0,788). Porém, prováveis reações cruzadas foram observadas com doença de Chagas (64,3%), erliquiose (7,7%) e co-infecção por erliquiose e babesiose (83,3%).
A utilização de antígenos recombinantes tem sido empregada por alguns grupos de pesquisa tanto no diagnóstico da leishmaniose visceral humana como canina. Há poucos estudos que relatam o uso de teste imunocromatográfico rápido anti-rK39 no diagnóstico da LVA canina em inquéritos caninos (Figura 6).
Figura 6Imunocromatografia (Kalazar Detect Test) mostrando reação positiva e negativa para o antígeno rK39.
BADARÓ19 mostrou sensibilidade de 99% com Elisa utilizando antígeno bruto e rK39 em soros de cães com LVA aguda. Em 467 soros coletados em inquérito canino realizado em área endêmica para LVA, somente os animais com rK39 positivo tinham evidência parasitológica de infecção por Leishmania. De acordo com os autores, esses resultados indicam que o antígeno rK39 pode ser usado como indicador da presença de LVA canina aguda.
Em estudo20 realizado em Minas Gerais , com 1.798 cães, o desempenho do teste rápido anti-rK39 realizado em campo e no laboratório foi comparado. O TRALd em campo demonstrou sensibilidade de 85% e especificidade de 88%; já em laboratório, a sensibilidade foi de 92% e a especificidade foi de 94%, com aumento de valores preditivos frente ao diagnóstico parasitológico. GENARO e colaboradores20, utilizando animais experimentalmente e naturalmente infectados por L. (L.) chagasi, mostraram que quando um animal é positivo para o TRALd, confirma o diagnóstico de infecção por L. chagasi, sendo que a sua utilização poderia gerar uma diminuição dos animais sacrificados que apresentassem outras patologias.
Comparando-se a utilização do TRALd com o Elisa com antígeno bruto, concluiu-se que o teste cromatográfico anti-rK39 é capaz de detectar infecção ativa em cães com diferentes formas clínicas da doença, uma vez que a sensibilidade do TRALd foi de 83% com especificidade de 100%21.
ZANETTE14, trabalhando com amostra de 50 soros de cães naturalmente acometidos por LVA, mostrou sensibilidade de 86% e especificidade de 91,1%. O teste imunocromatográfico apresentou uma boa concordância com o diagnóstico parasitológico (Kappa=0,769). Reações cruzadas foram observadas com erliquiose (7,7%), co-infecção por erliquiose e babesiose (50%), toxoplasmose (10%), neosporose (12,5%) e co-infecção toxoplasmose e neosporose (23%).

CONCLUSÃO
Depois de duas décadas de tentativas de controle da LVA no Brasil, o número de casos no País aumentou nitidamente e verifica-se a sua expansão para áreas urbanas.
Os programas brasileiros3,4, iniciados há mais de 40 anos em algumas unidades federadas, são compostospela integração de três medidas de saúde pública: diagnóstico precoce e tratamento, com a distribuição gratuita do medicamento específico; controle de reservatórios domésticos; e controle vetorial. Como método diagnóstico da LVA canina os programas3,4 adotam duas reações: Elisa e RIFI, produzidos por Biomanguinhos®. Estas são realizadas pelo Laboratório de Saúde Pública, em áreas de transmissão de LVA, a fim de detectar cães infectados, fonte de infecção para o vetor, para a realização da eutanásia eavaliação da prevalência da LVA canina.
Em relação aos métodos sorológicos empregados em inquéritos epidemiológicos, cujo objetivo é conhecer a prevalência da doença em áreas endêmicas ou com potencial de transmissão da LVA, os parâmetros de sensibilidade, especificidade e valores preditivos das técnicas sorológicas empregadas são de extrema importância para se evitar interpretações errôneas, com resultados falsos positivos ou negativos. Embora a sorologia seja apenas um método indireto de medir a infecção, não definindo o grau de parasitismo, a presença da doença ou ainda o potencial de transmissão que o cão possa ter para o vetor, diminuir o número de resultados falsos positivos e negativos seria muito importante para a eficiência do programa.

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