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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

FÍGADO - Avaliação Laboratorial para Prevenção de Doenças


O fígado é um órgão vital para o funcionamento do organismo e realiza inúmeras funções essenciais. Doenças hepáticas são muitos comuns em cães e gatos. Uma hepatopatia é caracterizada por qualquer distúrbio que acarrete em lesão de hepatócitos, colestase ou ambas e pode ser a causa ou não de uma insuficiência hepática. e pode ser a causa ou não de uma insuficiência hepática. A insuficiência hepática ocorre quando setenta a oitenta por cento da massa funcional hepática estiver. As causas destes distúrbios podem ser diversas, tais como intoxicações por agentes químicos ou drogas, doenças neoplásicas, metabólicas, isquêmicas e infecciosas. Dentre as doenças infecciosas temos o vírus da Hepatite Infecciosa canina; Leptospirose principalmente nas sorovares L. icterohaemorragiae e L.qrippotyphora, a Dirofilariose que pode causar necrose hepática devido à congestão e isquemia na síndrome da veia cava e a Toxoplasmose que também é causa de insuficiência hepática aguda. 

Por ser um órgão com uma função de “desintoxicação”, é muito vulnerável a sofrer injúrias. Outras alterações extra-hepáticas também podem causar alterações no fígado, como, doenças
cardiovasculares, gastrointestinais e metabólicas. Porém, por tratar-se de um órgão com alta capacidade de regeneração, só haverá sinais de insuficiência hepática caso as lesões atinjam
a maior parte do parênquima hepático. 
Quando há uma insuficiência hepática alguns sinais clínicos inespecíficos tendem a surgir, como vômito, diarréia, anorexia, perda de peso, poliúria, polidipsia, letargia, icterícia, opacidade
da córnea e ascite.
Várias análises laboratoriais podem auxiliar os médicos veterinários a diagnosticar uma lesão hepática, alguns exames são mais específicos e outros ajudam no momento de fazer alguns diagnósticos diferenciais.
A mensuração da enzima alanina aminotransferase ALT ou TGP é importante para avaliar o fígado, é classificada como a melhor enzima para detectar uma lesão hepática tanto em cães como em gatos, uma vez que são mais específicas nessas espécies. É uma enzima que está livre no citoplasma dos hepatócitos e de outros tecidos, sendo assim, um aumento em sua mensuração pode indicar ruptura/lesão celular, consequentemente, é liberada para a circulação.
A enzima aspartato aminotransferase AST ou TGO encontra-se livre no citoplasma dos hepatócitos, mas também tem grande presença em células dos músculos cardíaco e esquelético. Com isso, é uma enzima mais utilizada para diagnosticar doenças musculares, uma vez que não é uma enzima específica do fígado.
A fosfatase alcalina FA é uma enzima que é sintetizada em vários locais do organismo animal. É produzida no epitélio intestinal, renal, placenta, osteoblastos e no fígado. Assim, quando há aumento dessa enzima na circulação algumas hipóteses podem ser levantadas, como, por exemplo, colestase, aumento da atividade osteoblástica, doenças crônicas, utilização de algumas drogas como corticóides e anticonvulsivantes e neoplasias.
A gamaglutamiltransferase GGT também é uma enzima produzida em vários tecidos do organismo, principalmente em dois órgãos, nos rins e no pâncreas. Porém, quando há colestase ou uma lesão hepática aguda, a elevação dessa enzima na circulação pode ocorrer quase que imediatamente, uma vez que ela está presente na membrana das células que sofreram rupturas. Outro fato que pode levar a um aumento dessa enzima na circulação é a utilização de glicocorticóides. Os ácidos biliares são compostos citotóxicos que são secretados pelos hepatócitos e excretados através da bile. Geralmente, a concentração desses ácidos na circulação é baixa, mas qualquer alteração no fígado pode levar a um aumento dessa concentração, sendo detectado esse aumento antes mesmo que apareça uma icterícia, sendo um teste mais sensível que a dosagem de bilirrubina. Sendo assim, é um teste que serve para determinar se a icterícia é pré-hepática, podendo eliminar a lesão hepática como fonte da icterícia.
A ALBUMINA é a principal proteína presente no sangue dos animais e possui alto valor biológico. Em cães com hepatite crônica, que apresentem uma perda muito grande da função
hepática pode-se observar uma hipoalbuminemia no exame do animal.
A amônia é uma substância metabolizada no fígado transformando-a em uréia para poder ser eliminada pelos rins através da urina. É um composto nitrogenado originado da degradação das proteínas. Quando há aumento dessa substância na circulação do animal pode ser por alterações hepáticas agudas, avançadas ou devido a um desvio portosistêmico. 
A bilirrubina está presente no organismo por dois motivos, através do metabolismo da hemoglobina de hemácias velhas, que são fagocitadas por macrófagos, essa bilirrubina é classificada como não-conjugada; e através da degradação alimentar proveniente dos intestinos.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Otite

OTITE E OS PONTOS-CHAVES PARA UM TRATAMENTO EFICAZ 

A otite é um processo inflamatório agudo ou crônico do conduto auditivo (ouvido) que pode ser classificada de acordo com a localização (externa, média e interna), gravidade ou extensão da inflamação. Pode se caracterizar por eritema, edema, aumento do sebo ou exsudato, e descamação do epitélio. O canal auditivo pode se apresentar com uma condição dolorosa ou pruriginosa, dependendo da causa ou a duração. Sendo que está relacionada, na maioria das vezes, com etiologia parasitária. É a doença mais comum do canal do ouvido em cães e gatos, podendo estar presente em 10 a 20% dos atendimentos. É vista ocasionalmente em coelhos, nos quais geralmente é devido ao ácaro Psoroptes cuniculus e é rara em animais de grande porte. Fatores internos e externos podem diretamente induzir inflamação e prurido no conduto auditivo. A identificação desses fatores, assim como dos agentes causadores de otite é fundamental para um diagnóstico bem sucedido. 
FATORES PERPETUANTES, que tendem a impedir a resolução da otite média. Muitas vezes, os três fatores estão envolvidos, mas cada categoria deve ser identificada e tratada separadamente. As principais causas que levam diretamente a condição de doença estão relacionadas à infestação por parasitas (sarnas, fungos), a penetração de água no conduto auditivo durante o banho, presença de corpos estranhos (partes de grama, cerúmen endurecido, medicamentos), tumores (adenoma da glândula produtora do cerúmen, pólipos inflamatórios), hipersensibilidades (atopia, sensibilidade a alimentos, dermatite de contato), doenças ligadas ao sistema imunológico (autoimunes) disfunção da glândula da tireóide e substancias irritantes. A condição de inflamação das estruturas internas do ouvido, a chamada otite média, geralmente ocorre devido à extensão da infecção a partir da parte externa do ouvido, ou através da perfuração da membrana timpânica por um objeto estranho. Neste caso, se não tratado, o processo inflamatório atingirá as estruturas mais internas do ouvido o que poderá resultar em perda da audição e também do equilíbrio. A menos que todas as causas sejam identificadas e tratadas, poderão ocorrer recidivas da otite, ou seja, o animal apresentará novamente a condição de inflamação. 
FATORES PREDISPONENTES 
A predisposição esta relacionada com as condições que colocam em risco o animal para o desenvolvimento do processo inflamatório, entre eles podemos destacar o aspecto físico do ouvido como canal estreito, orelhas muito compridas, pendulares e côncavas que não permitem uma correta ventilação do local, excesso de pelos e retirada desse pelame com pinça ou glândulas que produzem o cerúmen, assim como doenças sistêmicas. Os fatores predisponentes da doença são muitas vezes congênitos ou ambientais e incluem a conformação (canal de orelha estreito), maceração do canal auditivo, tratamento excessivo ou orelha do nadador. Pequenas mudanças no microclima podem alterar o delicado equilíbrio das secreções normais e a microflora e resultar em infecções oportunistas. Qualquer doença que afeta respostas normais aos patógenos podem predispor o canal do ouvido para infecções oportunistas. 
FATORES PRIMÁRIOS 
Incluem parasitas (Otodectes, Psoroptes, Sarcoptes, Demodex spp), corpos estranhos (capim, poeira, medicamentos), tumores (adenoma, pólipos inflamatórios), hipersensibilidade (atopia, sensibilidade alimentar, dermatite de contato), transtornos de queratinização, hipotireoidismo, doenças auto-imunes, celulite juvenil e irritantes (produtos de limpeza, etc.) 
FATORES PERPETUANTES
Existem os fatores que impedem que haja a cura da condição de doença uma vez que esta já esteja instalada, o que incluem as bactérias geralmente associadas à presença de fungos, otite média e alterações patológicas progressivas. Uma vez que o ambiente do canal auditivo tenha sido alterado por uma combinação de fatores primários e predisponentes, infecções oportunistas e mudanças patológicas ocorrem, o que impedem a resolução da doença. Alterações patológicas crônicas no ouvido também pode refletir uma doença sistêmica ou generalizada da pele. A menos que todas as causas sejam identificadas e tratadas, o retorno pode ser esperado.
DIAGNÓSTICO
Pavilhões auriculares e regiões Peri-auriculares devem ser inspecionados para a evidência de auto-trauma, eritema e lesões cutâneas primárias e secundárias. Para animais com sinais unilaterais, a orelha não afetada deve ser examinada em primeiro lugar para evitar a contaminação iatrogênica (por exemplo: Pseudomonas aeruginosa e Proteus mirabilis), que podem estar presentes no ouvido doente. O ouvido não afetado pode, de fato, estar doente, necessitando de uma adaptação da lista de diagnóstico diferencial para incluir causas de otite bilateral. Os canais do ouvido externo da maioria dos cães e gatos abrigam um pequeno número de comensais gram-positivos. Estes organismos podem se tornar patogênicos se o microambiente é alterado, incentivando o crescimento exagerado desses organismos. Um esfregaço corado pode determinar rapidamente se o crescimento de bactérias está presente. Cocos bacterianos são geralmente estafilococos ou estreptococos. Bacilos gram negativos são geralmente Pseudomonas aeruginosa e Proteus mirabilis, a sua aparição em um grande número indica que a cultura bacteriana com antibiograma deve ser realizada por causa de sua resistência a muitos agentes antimicrobianos. A presença de neutrófilos fagocitando muitas bactérias patogênicas confirma a natureza dos organismos. A levedura Malassezia pachydermatis é encontrado em baixos números nos canais da orelha de muitos cães e gatos normais. Não mais do que 2-3 organismos por campo devem estar presentes em qualquer conjunto de células de um animal normal. Quando as leveduras não identificadas ou organismos de hifas são vistas em grande número nos esfregaços citológicos, as espécies devem ser identificadas através da cultura. Infecções mistas, especialmente com cocos gram-positivas, são comuns. Um exsudato escuro no canal geralmente sinaliza a presença de qualquer Malassezia spp ou um parasita, mas também pode ser visto com uma infecção bacteriana ou mista. Além de citologia corada, o exsudato deve ser examinado para pesquisa de ovos, larvas ou adultos do ácaro da orelha Otodectes cynotis em cães e gatos.